quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Os sinos



E há quem goste de dizer que eu não tenho amor.
Pois bem, eu não tenho amor!
Este há algum tempo não aparece por aqui.
Foi mas deixou vestígios.
Deixou na escrivaninha, algumas fotos que se amarelaram pelo tempo. Embaixo da cama, uma caixa de cartas, prova de que o amor gostava de se comunicar.
Alguns objetos, metodicamente planejados para ocupar os seus devidos lugares.
A rosa branca logo no cômodo de entrada. Dizia ela que servia para dar boas vindas a quem chegava.
O quadro do pescador na sala de estar. Insistia que trazia paz pra quem ali sentasse e esperasse. Esperasse por alguém ou alguma coisa...
Já os sinos na varanda, ela afirmava que desejavam boa viagem a quem dali partia sem saber se ia voltar... Estranho era como os sinos sempre soavam por quem realmente partia.
O amor era engraçado. Sabia que em mim ela mandava e desmandava, mas sempre me perguntava por tudo! Como se ela não soubesse o que eu iria responder.
Mas o amor foi embora.
Acordou sem me acordar, se alimentou sem mastigar e saiu se me avisar.
Como eu realmente sei que ela partiu?
Os sinos...

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Estava para acontecer




Estava tudo planejado. A recepção, os doces e salgados, cores pra combinar com o meu amor...
Pelos nossos planos, o horário estava certo e não haveria atrasos. A festa iria acontecer!
Já me imaginava abrindo a porta e dizendo:_Que bom que você chegou! Pode entrar, e ficar à vontade. Não repara muito na bagunça... Não sou muito bom em limpar as coisas.
Ela entraria sorrindo, iria reclamar do trânsito e dizer alguma coisa sobre o tempo.
Eu iria concordar com meu sorriso.
Eu a ela iria oferecer algo para beber e dizer que o jantar está no forno, mas já está quase pronto. Tímida, ela rejeitaria brilhando seu sorriso para mim e diria:_ Acho que vou esperar o jantar ficar pronto. Assim, nós podemos beber juntos.
Eu, sem saber como disfarçar, deixo escapar sem querer minha alegria com um sorriso bobo.
Fico tímido também.

Minha imaginação sempre é melhor do que meus sonhos. Gosto de ter o controle sobre o que quero pensar.
Mas sendo triste e dizendo a verdade. O amor não aconteceu assim.

Esperando, eu arrumei a bagunça que aqui existia. Revirei minhas coisas sempre encarando os números do relógio.
Números que se dizem certos, mas não me diziam ao certo, nada sobre quando o amor poderia chegar.
O jantar também ficou pronto.
Mesa para dois.
As duas velas sobre a mesa, agora eram duas metades de velas.
Duas metades mas não tinham vontade nenhuma de ser metade de ninguém.

O amor não ligou, a música parou, a comida sobrou e a flor morreu.
Sendo triste e dizendo a verdade. O amor não aconteceu.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Eu e minhas humanidades


Eu e minhas humanidades...
Tanto que te quis quando não lhe tinha. Hoje que lhe tenho, nem te quero mais.
O jeito que você me ignorava subliminando que você me desejava.
O jeito que você sorria quando um beijo a mim você negava.
"Humano, demasiado humano".
Gostava muito do seu não.
Não que mais me parecia um sim. E do seu sim, que mais me parecia um não.
Parecia então, pelo menos pra mim.
Quero aquela que sabia que as vezes me deixando sozinho, era o que bastava pra perceber que de você eu precisava.
Quero aquela que mostrava que num dia, muito dela eu sabia, no outro, sabia pouco ou quase nada.
Quero que sua ironias me cortem o peito!
Só pra te mostrar que o motivo que faz o coração desse pobre poeta vadio se alegrar é saber que depois dessa chuva que grita nosso odiar e a mesma que lava sua alma e mostra que só sei te amar.


Masoquismo?

Sofrer? Sofro sim.
Sofro porque me atrevo a amar.
Amar? Amo sim.
Amo porque me atrevo a sofrer.


terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Poema de sangue





Tempo? Tenho algum. Mas não me sobram muitas linhas e a tinta já vai acabar.
Porém, mesmo assim, insisto e não desisto. Insisto em brincar de provocar.
Provocar cores, sons, arrepios. As vezes até consigo escutar alguns gritos, alguns gemidos... Insisto nos amores, nas besteiras, nos meu vícios, nos caprichos... E sonho.
Como sonho!
Sonho com palavras tortas em versos mancos de linhas certas no final deste caderno mal lido.
Sonho que meus rabiscos não serão em vão.
Sonho sonhos de papel, papel rabiscado, papel molhado (de lágrimas?). Sonho com palavras certas em dias certos ao lado da pessoa certa. (Querer demais?)
Sonhar com o que é certo. Certo pelo menos pra mim.
De certo que vou chorar e contra isso nem vou lutar.
De certo que vou amar e com isso me machucar.
De certo que vou tomar banho de chuva, dar vexame na rua e confundir o brilho dos olhos de minha menina, com o brilho da lua.
De certo que o passado pode ser amigo e que nosso maior inimigo somos nós mesmos. Pobres e tolos mortais.
O passado se foi mas e o futuro? Ouvi dizer que ele nem existe e de presente, até hoje eu só ganhei o agora e que ainda sim insiste em nunca permanecer.
Está é a última linha. Tinta? Está acabou a alguns versos atrás por isso já escrevo com o sangue do meu coração.

A bagunça das gavetas




Foi mexendo nas gavetas que eu encontrei um papel em branco.
Ele dizia que só era branco porque nenhuma palavra o cobria.
Observado se sentia mas só pela escuridão.

Foi mexendo nas gavetas que eu encontrei um amigo.
Nele derramei minha poesia, enxuguei lágrimas de um triste dia e o fiz companheiro na minha solidão.

Dos poemas que eu não fiz




E dos poemas que não fiz sinto falta daquele que me conte de uma forma melhor quem eu sou.
Tudo muito vago, não é? Talvez não importe quantas linhas eu gaste, o quanto diversificado for meu vocabulário, sempre ficará vago... vago demais... vago demais por lugares que nunca andei e que nunca encontrei em mapa algum. Por isso talvez não me é nada estranho que tudo me soe diferente. Não é nada diferente as pessoas me soarem com um tom meio estranho.
Sei que nesses lugares encontro muitas pessoas e se quero saber quem eu sou, sei que não sou quem eu encontro, apesar de que algumas vezes fico confuso, encontro pessoas que se parecem comigo.
Mas no fundo sei que essa pessoa não sou eu.
Sei que posso ser um pouco de você sem deixar de ser eu.
Mas sendo você me distancio mais daquilo que eu possa vim a ser.
Continuo vagando...
Continuo encontrando pessoas...
Continuo sem saber ao certo quem eu sou.

Presente de palhaço




E aos palhaços, o que merecem?

O instante eterno de magia, vindo das crianças quando sentem alegria.

E os humanos, o que merecem?

Aprender com os palhaços.