sexta-feira, 14 de maio de 2010

Recreio


É o sinal! É o sinal!

Deixa o papel, deixa a tesoura.
Deixa ser mais menino, deixa ser mais menina.

Corre!

O prato é raso pra quem tem fome.
A comida é boa pra quem quer comer.

Depressa!
O pátio é pequeno pra quem corre.
O chão é longe pra quem pula.
A perna é pouca pra quem quer bola.
A mão é forte pra quem quer corda.

É o sinal! É o sinal!
Deixa a bola, deixa a corda.
Deixa ser menos esperto pra voltar a aprender.

O tempo é curto pra quem sonha.
O mundo é raro pra quem é criança.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Ponteiros


Hoje não abri minhas gavetas.
Não tirei o pó que há sobre a estante. (O pó que há em mim então...).
Não quis ver o sol, não quis saber do tal brilho da lua.
Não peguei no meu violão e nem quis qualquer rima no final da minha frase.
Não dei bom dia ao dia e sei que nem me carece assoprar uma boa noite a partir do momento que o tédio dos ponteiros apontarem o romper da tarde.
Tédio dessa ilusão de tempo.
Madrugada adentra, entro com orações.
Converto amores em linhas mal traçadas.
Espera! Retifico-me! Converto linhas em amores mal traçados!
Ontem fui, hoje não mais.

A gente anda


(Texto especialmente feito com a colaboração da Bárbara).

A gente anda falando em recomeço sem saber onde começamos.

A gente anda partindo de onde ainda não chegamos.

A gente anda correndo atrás de correria.

A gente anda dizendo que ama demais.

A gente anda querendo saber amar.

A gente anda amando de menos.

A gente anda mal das pernas.

A gente nem anda.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Palavras ao Céu ( Ou o Dia em que a Estrela Falou)


Eu daqui fico cantando coisas bobas e olhando para o céu. Às vezes, fixando o olhar em uma só estrela, imaginando que você também a olha.
Falo bem baixinho pra estrela:
_Diz pra ela que sou dela!

Eu daqui fico cantando coisas bobas e olhando para o céu. Às vezes, fixando o olhar em uma só estrela, imaginando que você também a olha.
Falo bem baixinho pra estrela:
_Diz pra ele que sou dele!

Vida em linha.


Faço conjunturas com conjunções.
Converto orações e desobedeço predicados.
São tantos pontos para poucas vírgulas.
Ser sujeito às ações dos nossos verbos a flor da pele.
Abdico a crase e faço concertos com uma só frase.
Desconserto? Em gênero numero e grau!
Mas venha e convenha, esquecemos de viver o tempo da pausa das vírgulas que respiramos.
Vivemos mesmo é a tola concordância da maioria dos nossos atos falhos e ainda só nos importamos na primeira pessoa.
Adjetivos em vão.
Mas nos restam ainda algumas linhas para cultuarmos um ponto final.
Por hora, façamos a reflexão sobre o real sentido das reticências. (...)