Me pergunto qual deve ser o peso da bolsa do carteiro.
Não vejo por aí carteiros cansados, de costas curvadas pelo
peso das correspondências. Vejo por aí carteiros rápidos, andar ágil. Com certeza
estes não carregam, em meio a tantas contas, alguma carta de amor. Porque
cartas de amor são pesadas. O amor não é coisa leve.
Você pode até me dizer que suas contas, por possuírem intermináveis
dígitos numéricos, chegam a pesar toneladas, mas nada me convence que o mais
pesado é sim o amor!
Veja você àquelas pessoas que amam; são amores tão pesados
que muitas vezes os casais enamorados não suportam a luta contra a gravidade.
Passam dias estirados na cama, vencidos por uma força maior. Mas voltemos ao
correio e sejamos questionadores:
Ninguém mais escreve cartas de amor?
Queria eu receber a ilustre presença de um carteiro ofegante
mas com uma boa expressão ao dizer “toma, é de sua amada”. E logo que eu abrir
o envelope teria nas primeiras linhas a esquecida brega arte de dizer “Me
desculpe a tinta borrada é que não pude conter minhas lágrimas...”.
Não se assustem quando vocês estiverem daqui a alguns anos, você
com seu devido esposo, você com sua devida esposa, em um passeio dominical por
algum museu e vossos filhos perguntarem:
_O que está escrito naquele papel amarelado?
_Aquilo, meu filho, era o amor.
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