Eu quando pequeno e não tinha com o que brincar, qualquer coisa me servia.
Qualquer coisa que caia parecia um avião!
Qualquer coisa que mexia era minha condução.
Qualquer caixa de TV, de papelão
Eu fazia um foguete, ia até plutão.
Porque a cada imagem que vejo me vem um borrão na consciência!
Entre tantos, agora eram carne em simetria.
Entre afagos, algumas pausas. [Pura necessidade de respiração].
Entre mãos, cicatrizes, espinhas, pêlos ou qualquer outra coisa que nos é natural.
Entre gosto é agridoce, o doce veneno do sal da pele.
Entre espaço não temos mais nenhum centímetro. Tudo é linha tênue e entre nós a linha agora é curva.
Entre apegos o desapego do tempo e das lembranças. Indiferença para qualquer Tic-Tac.
Entre sons, o silêncio e a quebra do silêncio com sussurros ditos em outras línguas.
Eram assim:
Entre dedos, cabelo.
Entre corpos é comum.
Entre muitos eram dois.
Entre dois eram um.
Você diz que não me reconhece, que não sou o mesmo de ontem
E que tudo o que eu faço e falo não te satisfaz
Mas não percebe que quando eu mudo é porque
Estou vivendo cada segundo e você
Como se fosse uma eternidade a mais
Sou um móbile solto no furacão...
Qualquer calmaria me dá... solidão
Na última vez que troquei meu nome
Por um outro nome que não lembro mais
Tinha certeza: ninguém poderia me encontrar
Mas que ironia minha própria vida
Me trouxe de volta ao ponto departida
Como se eu nunca tivesse saído de lá
Sou um móbile solto no furacão
Qualquer calmaria me dá... solidão
Quando a âncora do meu navio encosta no fundo, no chão
Imediatamente se acende o pavio e detona-se minha explosão
Que me ativa, me lança pra longe pra outros lugares, pra novospresentes
Ninguém me sente...
Somente eu posso saber o que me faz feliz
Sou um móbile solto no furacão
Qualquer calmaria me dá... solidão